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Nossa Senhora das Dores



    A Igreja celebra a memória de Nossa Senhora das Dores. Mas porque celebrar as dores vividas por Maria? Não seria isto enfatizar uma visão pessimista da caminhada terrena de Maria? Com certeza não!

     Muitas vezes somos influenciados a ter uma ideia de Maria, tão excelsa, salientado sua concepção imaculada, sua vida imaculada, sua entrega plena a Deus, de uma forma tão excelsa que quase a colocamos numa classe angélica; classe que ela não pertence. Maria, é sem dúvida, como afirma a Igreja, sem mácula, concebida sem pecado, sempre virgem, mas humana como nós, igual a nós em tudo exceto no pecado, do qual ela foi preservada em virtude dos méritos de Cristo. Ela não faz parte da hierarquia angélica. Ela é rainha dos anjos, mas não um anjo. Ela é humana! Viveu neste mundo as alegrias, mas também os dramas e conflitos que comportam a existência humana. Vemos isto presente muito claro nos evangelhos. Quando olhamos para a vida de Maria revelada pelos evangelhos, vemos uma jovem judia, humana. E aí está a grande beleza e ensinamento que sua vida nos traz. Maria, humana, nos revela que é possível ser todo de Deus, que é possível entregar a ele a nossa vida como um todo. E na nossa humanidade, irmos ao encontro de Deus.

    A dor, o sofrimento, ela faz parte da experiência humana, e tentar amputá-la, seria tentar arrancar algo que está na nossa realidade. É algo impossível! O homem entra no mundo já fazendo a experiência da dor. A criança ao nascer, sai do ventre de sua mãe chorando. E durante toda nossa existência passaremos por esta experiência de sofrimento, de dor, seja a nível físico, seja a nível psíquico, seja a nível espiritual.

    Não é geralmente em meio a experiência da alegria e do gozo, que perecemos na fé. Mas em meio aos sofrimentos, as dores, as provas que Deus nos permite passar. O que está ao nosso alcance, o que podemos fazer, é dar sentido ao sofrimento que passamos. Não vivendo-o na perspectiva da revolta, da resignação, mas da oferta a Deus

    Maria a Virgem Dolorosa, nos ensina que toda experiência humana, seja de gozo ou de dor pode ser teofânica, pode ser lugar teológico, lugar onde Deus se manifesta, onde Deus se dá a conhecer, lugar onde ele revela sua luz, mesmo que tudo pareça treva. Este é o mistério que a Igreja nos convida a celebrar na liturgia.

   Maria, de pé na Cruz (Cf. Jo 19,25), nos mostra que é possível significar o sofrimento, dar sentido àquilo que pela razão, parece nada mais nada menos que um absurdo. Não celebramos somente as dores de Maria, mas a dor como oferta a Deus, como oração, como sacrifício ao Senhor, como lugar de encontro do imanente com o transcendente. Do homem com Deus. 






Por Padre João Evangelista, sjs 

Prior Local e Reitor do Seminário Nossa Senhora de Pentecostes da Fraternidade Jesus Salvador.

Sacerdote Salvista do IMSJS

Formado em Filosofia e Teologia.

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