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Como lidar com o hábito da masturbação?

A Santa Igreja ensina, seguindo a tradição apostólica, que o corpo humano é templo de Deus e, por isso, é algo sagrado. Hoje, existem vozes que defendem que o corpo nada mais é que carne e, assim, acabam por entendê-lo como mais um instrumento a serviço dos desejos de cada um. Consonante com as vozes de hoje, o hábito da masturbação é nada mais que o uso do próprio corpo para a obtenção de prazer. Mas isso nada mais é que desvalorizar o que somos. Na masturbação, vemo-nos como objetos e, não, como filhos de Deus, criados a imagem e semelhança divinas, escolhidos para ser sacrários vivos, terras santas e fecundas, templos de adoração ao Deus Vivo.


Um dos fundadores do Apostolado Coragem, Pe. John Harvey, escreveu sobre o assunto em “O problema pastoral da masturbação” (no inglês, The pastoral problem of masturbation [PPM]).
“Nós não entenderemos porque uma pessoa carrega o peso deste hábito a menos que nós saibamos algo a respeito do seu passado, das suas vivências e do contexto maior da sua vida *. Ouvindo às pessoas, discerne-se que a solidão é o primeiro movente, levando o indivíduo ao isolamento, à fantasia e à masturbação. A solidão é comumente acrescida de sentimentos profundos de ódio de si mesmo e de raiva. Quando o mundo real é desagradável e proibitivo, volta-se à fantasia. E quando se gasta muito tempo num mundo fantasioso, torna-se escravizado pelos objetos sexuais (pois este é jeito que vê outras pessoas: como objetos). Por conseguinte, fugirá para o irreal (porém prazeroso) mundo de sua imaginação. Isto é o começo do vício sexual, tão bem descrito por Patrick Carnes (em Out of the Shadows, de 1983, e Contrary to Love, de 1989)” (HARVEY. PPM: Factors contributing to the habit of masturbation, p.2)

Primeiramente, é preciso dar atenção ao uso de “hábito” por Pe. Harvey. O que ele tem em mente é a prática constante da masturbação, quando esta já se tornou um vício sexual, algo compulsivo. Nesse caso, Pe. Harvey defende que a solidão é o que primeiro motiva a hábito da masturbação. Diante dum mundo que causa dor, que diz “não”, que impõe limites e obstáculos à satisfação dos desejos, alguém que não consegue lidar com isso, fecha-se em si mesmo e afasta-se de tudo quanto lhe causa desgosto. Na sua solidão, cria em sua imaginação um mundo de prazer e de satisfação, mundo em que as pessoas nem nada oferecem resistência. A masturbação soma-se a isso como uma forma de obter prazer sem ter de lidar com o outro (e seus problemas e necessidades), nem com riscos (como pegar doenças), nem com adversidades. Com o tempo, adquirido o hábito, consolidam-se a postura de fuga do mundo e a visão do outro como instrumento de prazer, e isso é refletido nas relações que essa pessoa tem com os outros.



Uma vez entendido isso, resta a pergunta: como superar essa condição? Pe. Harvey responde essa pergunta dizendo “Parece, porém, que a atitude correta é a de tratar a masturbação habitual ou compulsiva como problemas abertos para solução desde que a pessoa siga um programa espiritual” (Pastoral approaches to masturbation, p.9). Assim, para Pe. Harvey, a superação do hábito da masturbação depende de a pessoa seguir um “programa espiritual”, isto é, um plano de metas e de orientação que tenha base na espiritualidade – no presente caso, na espiritualidade cristã. Dizendo isso, Pe. Harvey não descarta a necessidade de apoio psicológico. Porém, o que ele diz é que, sejam quais forem os esforços outros para superar o hábito da masturbação, eles só serão efetivos se a pessoa seguir um plano que lhe ofereça apoio e metas espirituais, como, por exemplo, viver a castidade e o serviço ao próximo.

Por isso, a primeira atitude daquele que tem o hábito da masturbação é, reconhecendo-se nessa condição, buscar ajuda de profissionais que compartilhem dos valores cristãos. Somado a isso, buscar apoio espiritual, preferencialmente de um padre, ou então de uma pessoa em que se tenha confiança e de quem se respeita e reconhece a fé e, assim, que possa ajudar com formação sólida e orientação com base nos princípios cristãos.


Além disso, é de ajuda que, num primeiro momento, evite ficar sozinho e ocioso. Que busque ocupar o tempo com atividades como leitura, oração, passeio com os amigos, pintar, tocar instrumentos, estudar, entre outras – evitando, claro, expor-se a imagens ou situações que estimulem, depois, as fantasias ligadas à masturbação. Nessas atividades, é bom que a pessoa busque construir verdadeiras e castas amizades com outras pessoas, para que supere os sentimentos e as inquietações que a levam ao isolamento.

Caso a compulsão pela masturbação esteja ligada ao uso de pornografia, seja por revistas ou pela internet, é salutar que as revistas (e todas as imagens eróticas) sejam descartadas e que, se preciso for, se coloque filtros na internet, impedindo o acesso às páginas virtuais que contenham pornografia.

Esses passos iniciais, com o tempo, ajudarão a pessoa a encontrar alegria na sua relação com outras pessoas e a encarar o mundo com mais coragem e esperança. Soma-se a isso o fortalecimento interior e, assim, o crescimento de uma saudável confiança em si mesmo.

Rezemos a São José, Castíssimo Esposo de Maria e Protetor da Igreja, para que conceda a todos nós a graça de viver a castidade com alegria. São José, intercedei por nós!


“background” é uma palavra em inglês que não possui, em português, um correspondente que mantenha suas nuances de sentido. Isso significa literalmente “plano de fundo”, como numa foto em que há o primeiro plano, segundo, terceiro, e o chamado plano de fundo. Em sentido figurado, pode significar os acontecimentos e vivências do passado, ou o contexto que envolve certa coisa. Alguns traduzem “background” por “bagagem” (como em bagagem de conhecimentos), mas essa tradução perde muito as nuances da palavra inglesa.




Comentários

  1. Oi Roberto estou dando uma olhada em seu blog. E estou gostando muito. E como você, eu me decidi em evangelizar de uma forma diferente e através da internet. Também possuo um blog que se chama ”Cantinho do Catequista” aonde espero estar ajudando Catequistas como eu e até evangelizando Catequeizandos que passam por La para dar uma olhadinha. Peço sua permissão para estar postando coisas suas no meu blog também. Pois penso que quando a pessoa fala coisas legais precisa continuar propagando a frente. E os seus direitos autorais serão preservados. Obrigado pela atenção e que Deus o abençoe.

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