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Você já pensou em ser padre?



Esta pergunta é muito comum quando um jovem começa a se engajar em alguma pastoral ou movimento em sua paróquia. Mesmo que não seja o seu caso, essa questão merece atenção. Cada vez mais, tem crescido o número de padres mais jovens. Em alguns países, como nos EUA, mais da metade das ordenações, em 2011, é de jovens com idades entre 25 e 34 anos. Será que é difícil falar de sacerdócio com os jovens nos dias de hoje?
O cardeal dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e ex-prefeito da Congregação para o Clero (organismo do Vaticano responsável por acompanhar os padres do mundo todo), revelou ao site Jovens Conectados que, apesar de não haver um levantamento mundial sobre a faixa etária dos sacerdotes, durante suas viagens a diversos países ele notou um número significativo de padre jovens.
“Participei de um grande encontro de presbíteros na Índia, por exemplo, no qual a grande maioria era de jovens. Isso eu também pude notar em alguns outros países pelos quais eu passei”, disse o cardeal que, por outro lado, destacou que na Europa acontece o contrário. “Há uma grande carência de padres jovens. A grande maioria dos padres na Europa tem acima de 60 anos”.
Encontro pessoal com Jesus Cristo
Para o cardeal, o grande desafio para tratar do tema do sacerdócio com os jovens é, em primeiro lugar, ajudá-los a terem um encontro pessoal com Jesus Cristo. “Um encontro pelo qual eles, de fato, se encantem com Jesus Cristo e façam a sua adesão pessoal a Ele. Não basta ensinar uma doutrina para os jovens. Em todo ser humano, a fé se inicia quando há um encontro pessoal com Deus”, explicou.
Tal experiência é confirmada pelo padre Marcelo Gualberto, sacerdote há três anos e atual secretário das Pontifícias Obras Missionárias (POM). Goiano e com 30 anos, padre Marcelo contou que um dos maiores desafios para um jovem viver o sacerdócio são justamente as oportunidades oferecidas pelo mundo. “O jovem sempre tem curiosidade sobre as novas realidades que surgem na sociedade. Mas a essência do ministério sacerdotal é poder enxergar a luz de Cristo em meio a todas essas diversidades”.
Pastorais e movimentos
As pastorais de juventude, os movimentos eclesiais e novas comunidades têm grande importância no despertar vocacional dos jovens para o sacerdócio. “O jovem, de fato, busca pra si um projeto de vida que valha a pena. Por isso, todos os grupos eclesiais que trabalham com os jovens devem ser apreciados e incentivados”, ressaltou, reforçando que é preciso refletir sempre de novo sobre “como fazer de Jesus Cristo uma boa notícia para os jovens”.
Ainda de acordo com o arcebispo, em uma sociedade como a atual, “laicista, arreligiosa, quando não, contra a religião”, só a partir de uma vivência da fé que o jovem pode se sensibilizar com um chamado de Deus para uma vocação especial dentro da Igreja. “As próprias Jornadas Mundiais da Juventude buscam levar estes jovens para uma adesão pessoal a Jesus Cristo, além de darem uma forte mensagem ao mundo de que é preciso chegar até os jovens”, disse.
Foi em um grupo de jovens de uma paróquia no Haiti, que o padre Jean-Robert Michel sentiu chamado para o sacerdócio. “Foi lá que engatinhei no seguimento de Cristo, onde também mergulhei na terrível pobreza que provocava um profundo sofrimento em jovens, crianças, idosos e adultos”, relatou o haitiano, que foi ordenado padre por dom Cláudio, em São Paulo, e hoje vive no Canadá.
Para o missionário, apesar das muitas opções oferecidas pelo mundo aos jovens, não é difícil falar de sacerdócio com eles. “Tenho observado que é preciso desenvolver uma maneira de se aproximar dos jovens. Eu, por exemplo, indago a eles sobre o chamado para despertar algo que já possa existir neles. É o Espírito de Jesus quem trabalha a pessoa”, disse.
Testemunho
Outro fator importante para despertar vocacional entre os jovens é o convívio com os padres. Padre Marcelo lembrou uma da mensagem do Papa Bento XVI :“o testemunho suscita vocações”. “Quando jovem que vê um padre jovem, no vigor de seu ministério, na realização do sacerdócio, que transparece a felicidade, certamente essa é a maior propaganda vocacional”, afirmou o padre, que relatou que na sua diocese de origem, Uruaçu (GO), há um número muito significativo de sacerdotes jovens e o surgimento de muitas vocações.
Porém, isso não descarta a necessidade de uma boa Pastoral Vocacional, como apontou dom Cláudio. Para ele, essa pastoral é fundamental na ajuda do discernimento vocacional da juventude. “Isso significa dar oportunidades ao jovem para que ele possa conversar com uma pessoa da Igreja, na qual ele confie, para que ele possa falar sobre o chamado que ele está sentindo dentro de si”.
Vale a pena ser padre
Ao deixar sua mensagem aos jovens padres, o cardeal Hummes lembrou do que o Papa João Paulo II costumava exortar sobre a fidelidade como condição para a felicidade. “A felicidade de conjuga com fidelidade. Em todas as vocações, só sendo fiéis é que se pode ser feliz”, lembrou dom Claúdio, que sempre recordava essa frase nas ordenações sacerdotais que presidia.
Dom Cláudio também usou as palavras do Beato João Paulo II, reforçadas pelo Papa Bento XVI, ao deixar sua mensagem aos muitos jovens que sentem o chamado para o sacerdócio em seu coração. “Não tenham medo! Não tenham medo de ouvir a voz de Deus. Porque Deus não quer conduzir ninguém à infelicidade. É preciso, claro, ser alguém disposto a seguir a Jesus neste grande ministério que é do próprio Cristo, verdadeiro sacerdote”, afirmou.
“Vale a pena ser padre!”, garante padre Marcelo, sem esquecer-se das dificuldades que existem e são próprias dessa vocação, assim como o Matrimônio, por exemplo, tem suas dificuldades. “Mas a alegria de poder estar à disposição de Cristo, para segui-lo e anunciá-lo, deve ser algo que contagie a todos os jovens que querem buscar uma consagração total a Deus”.
Então, se você sente este chamado para o sacerdócio, ou tem dúvidas sobre vocação, procure o seu pároco, ou o Serviço de Animação Vocacional (SAV) de sua diocese.

Por Fernando Geronazzo - Site Jovens Conectados

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