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Maria modelo para os eleitos

     O termo vocação se origina da palavra latina “vocare” e significa chamado. A teologia da vocação é parte integrante da mensagem cristã e tem o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. As Sagradas Escrituras nos apresentam a face do Deus que chama, no decorrer da história, homens e mulheres para colaborarem no projeto de salvação que Ele tem para a humanidade. Deus age por meio de mediações humanas. Ele poderia ter feito tudo sozinho, mas preferiu esta forma de se manifestar aos seus. 
    Um chamado envolve sempre duas dimensões: aquele que chama e aquele que ouve o chamado. Foi assim com Abraão, quando Deus diz: sai da tua terra e vai para a terra que eu te mostrar... (Gn 12,1-6). Foi assim com os juízes, com os reis, com os profetas, com Maria Santíssima, com os discípulos e também conosco, pois Deus continua a chamar pessoas, que foram eleitas desde toda eternidade para ‘estar com Deus’ e ‘servir a Deus’.
    O primeiro chamado é para estarmos com Deus e, posteriormente, servirmos a Ele. Foi esta pedagogia que Jesus usou com aqueles que ele chama para junto de si. Cristo chama Pedro, Tiago, João, Felipe... e os demais discípulos para serem primeiramente discípulos, estarem aos pés do Mestre, ouvir dele suas palavras, serem formados por Ele. Somente depois de passarem por esta formação com o Divino Mestre, que se tornarão apóstolos, ou seja, que serão enviados.
        As Sagradas Escrituras nos apresentam, dentre todos os personagens bíblicos que acolhem o chamado, a vontade de Deus em suas vidas, uma que se destaca de modo singular, é ela: Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe. Para nós, Maria é alguém exemplar em tudo. Ela é aquela que ousou lançar-se em Deus, sem reservas e sem limitações.  Maria é aquela que pode ser chamada por excelência a “serva do Senhor”. Toda vida de Maria foi um sim a Deus. O próprio Arcanjo São Gabriel se refere a Ela como a Kekaritomene, “a cheia de graça”, aquela que é “repleta dos favores divinos”. É uma maneira do evangelista São Lucas afirmar que Maria era repleta da comunhão com o Altíssimo. Tudo nela é graça! Maria, com seu sim a Deus, com seu “Fiat”, possibilitou a encarnação do Verbo de Deus; a Sua entrada no mundo, para que, fazendo-se homem, pudéssemos ser elevados à comunhão com o Pai. Ele, por Maria, faz-se homem para nos tornar participantes da vida divina. Maria é aquela que colabora diretamente para que o projeto salvífico do Pai, em Cristo, se cumpra plenamente. O seu sim foi mantido e acentuado em toda sua vida até o calvário, onde oferece seu Filho, o Cristo, que se ofertava inteiramente a Deus por nossa salvação. Maria ensina aos homens de hoje a entrar no mistério de Cristo, querer operar a salvação. Ela nos ensina a nos desprendermos de nós mesmos para irmos ao encontro do outro, sermos na vida do outro canal de salvação. Deus quis que através do sim de Maria, a salvação que é seu Filho, chegasse a toda a humanidade.
      Diz Santo Irineu: “O que não foi assumido não pode ser redimido”. Podemos concluir desta afirmação de Santo Irineu que só nos foi possível a salvação, a nossa redenção, porque Ele se fez um de nós. O mistério de Cristo, sua missão, está ligado ao sim de Maria, que possibilita que Cristo entre na realidade humana de forma plena.
     Em Maria contemplamos o mistério do chamado divino, o mistério do Deus que chama, que elege pessoas para colaborarem na sua obra salvífica.  Maria é modelo para todo vocacionado, pois ela também viveu de forma profunda a sua vocação. Vemos nela uma resposta pronta, imediata ao chamado de Deus. Uma adesão exemplar como a de Maria se torna paradigma para todo vocacionado que sente ecoar também no seu coração o chamado de Deus a uma vocação específica. Que por meio de Maria, ela que se coloca diante de Jesus como nossa intercessora (cf. Jo 2), possamos também dar a Deus um “sim” que seja pleno, um “Fiat” que seja total, sabendo que a vontade de Deus, mesmo com as cruzes que o seu cumprimento comporta, será sempre a nossa fonte, canal de salvação. Voltemo-nos para Maria, certos de que seu exemplo é força propulsora que nos eleva a Deus. Sendo ela a eleita do Senhor, é, sem dúvida, modelo para todos os eleitos.






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