"O amor promete infinito, eternidade - uma realidade maior e totalmente diferente do dia-a-dia de nossa existência."
Pp. Bento XVI, Deus Caritas Est, 2
E assim descobrimos pela decepção que na verdade há amor e "amores", e ainda, que é impossível viver sem amor, e também que esta busca nós a temos existencialmente, contudo, constantemente nos deparamos com "amores". O propósito de colocar o substantivo como adjetivo aqui, é mostrar que não é o amor, mas é algum tipo de amor, aquilo que porventura entra no coração para amenizar a ausência da falta do autêntico e único amor. Os "amores" podem servir para chegar ao amor, mas nunca será como o amor.
Nós necessitamos do amor, de amar e sermos amados. Que busca ávida é esta? Mas se não acontecer, quem viverá? Sim de fato, o homem vive para amar, esse é seu penhor da vida. Todos que caminham errantes estão desejando vida, de fato viver é amar. O prazer, como expressão do amor buscado nesta vida é uma centelha do infinito. Não venha a pensar, querido leitor, que estou a falar de algo etéreo, mas sim do concreto e mais real de nossas vidas, da dor e da alegria, da tristeza e da felicidade, ou seja, daquilo que todos ansiamos e por vezes angustiosamente estamos envoltos, onde cada prazer é a intensão de antecipar a plenitude da vida, como bem disse o poeta Cesare Pavese: "O que o homem busca nos prazeres é um infinito, e ninguém jamais renunciaria à esperança de alcançar essa infinitude" (O ofício de viver, p. 209).
O amor nos atrai, o amor é belo, a beleza é amor, pura, simplesmente e fulgurante manifestação sua. Nesta vida a beleza é a mais concreta maneira de vislumbrar o amor e, portanto, antecipar o eterno, envolvimento fascinador. Leopardi, poeta italiano, no seu hino "cara beleza" afirma que em cada beleza a Eterna Beleza assume uma forma sensível, como o Verbo que se fez carne. A beleza como dom divino é caminho de salvação, meio de unificação, linguagem convergencial para todos os tempos, lugares e pessoas.
Desta forma, não existe amor verdadeiro que não se realize altruistamente, e é belo por isso, como esplendor da Beleza Divina. Na relação humana de amor há o encontro infinito entre os limites, com suas exigências infinitas de serem amados e suas frágeis e limitadas capacidades de amar. se o outro ser humano não se tornar em perspectiva íntima um Sinal, qualquer relação se torna impossível, é isto se deverá ao fato de que uma das partes ou ambas estão repletas de pretensões da realização de si mesmos a partir do outro e não com o outro. E isto seja no amor conjugal-matrimonial, no amor de amizade, no amor fraterno, no amor paterno e materno, no amor filial, no amor consagrado religioso, no amor sacerdotal, etc. Enfim, para conseguir amar, todos devemos estar na dinâmica do outro como sinal, esta é uma expressão da beleza do amor, mas que não esgota em si tudo que o amor significa.
"O que o homem busca nos prazeres é um infinito, e ninguém jamais renunciaria à esperança de alcançar essa infinitude."
(O Ofício de Viver, p. 209)
Por:
Pe. Myguel do Menino Jesus Fernandes Tostes, sjs
Sacerdote Salvista - Vigário da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Jesus
Arquidiocese de São Paulo - Região Episcopal Ipiranga
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